fevereiro 06, 2008
A Chave Já não lembrava mais há quanto tempo estava ali, naquele mesmo lugar, aquelas mesmas quatro paredes, aquela mesma porta que nunca se abria. Não mais lembrava de como era ver o sol, já que só sabia ser dia pelos poucos raios de luz que entravam pelo pequeno retângulo, no alto da parede quase chegando ao teto, que servia como janela. Janela não, era mais um respiradouro, pensou, ela nunca conseguira subir o suficiente para espiar o mundo lá fora.
Não lembrava como era o seu rosto. Os cabelos vermelhos chegavam, desgrenhados, quase no seu joelho, enroscava-se em seus braços e pernas como abraços invisíveis e indesejados. Abraços... Não lembrava deles também. Nem de gente. Nem de ninguém. Há quantos anos estaria ali?
Ouviu o familiar barulho de metal vindo da porta e virou-se esperando ver sua refeição passar espremida pela moldura de ferro, mas pela primeira vez em muito tempo, surpreendeu-se. No lugar da velha bandeja com o prato de comida e a caneca de suco, estava uma chave. Uma chave longa, antiga.
Sentiu um arrepio. Gritou perguntando o que deveria fazer com ela, deveria abrir aquela horrível porta de ferro que lhe prendera por tantos anos? Ela não via o mundo lá fora há tanto tempo, não conhecia ninguém lá, sua antiga vida não lhe pertencia mais. Teria mesmo coragem de sair? Queria sair?
Balançou a cabeça com força, como se assim pudesse jogar longe os pensamentos que tentavam deixá-la trancafiada ali, como fizera seu captor. Apertou a chave com força em sua mão, até que as juntas dos dedos ficassem esbranquiçadas com o esforço súbito e aproximou-se da fechadura. Lentamente deixou que a chave escorregasse para dentro da porta e, segurando a respiração, girou-a. Ouviu um
clique e empurrou a porta que se abriu rangendo contrariada. Ergueu a cabeça e o sol e o dia inundaram seus olhos pouco acostumados. E assim, cega, saiu.
Imagem em palavras é o meu marcador para o jogo, ainda sem nome, que eu e o digníssimo sehor
Ed estamos jogando. Cada um escolhe uma imagem para o outro que deverá escrever um texto a partir dela. Não vale recusar a imagem e o prazo é de um dia. O meu texto é bem meia boca, mas o
dele é uma delícia e pode ser lido no
Sanctuarium. Beijo Ed!
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| Jade Grimm at 12:34 PM |
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