fevereiro 23, 2008




Tipo, vai lá. Que venha o próximo.

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| Jade Grimm at 3:15 PM | ::*:: |


O esforço da corrida já começava a lhe causar dores na lateral do abdômen, o medo fazia com que ela não respirasse direito. Olhou em volta, sem parar de correr, não via nada além de árvores e a trilha mal iluminada pela lua. Mesmo na escuridão sabia que ele estava lá, ouvia a respiração pesada, os galhos quebrando sob seus pés a cada pisada rápida, ele estava ganhando velocidade.

Viu ao longe a luz de um chalé, o urro dele a distraiu e ela tropeçou em uma pedra. Em pânico, levantou-se e recomeçou a corrida com força redobrada. Apertou as mãos impulsionando o corpo mais além, as passadas cada vez mais largas.

Galhos de árvores batiam em seu rosto, folhas enroscavam-se em seus cabelos. Mais luz, o lago e os chalés de pesca não deviam estar longe agora. Ele também estava mais próximo e isso lhe deu mais energia para correr mais depressa.

Agora podia ver o lago claramente e a apenas alguns metros da porta do primeiro chalé, ela alcançou sua presa. Ele abriu a boca para gritar, mas um único golpe o calou. Ela cravara o machado com perfeição no pescoço do homem.

Olhou em volta, silêncio, ninguém por perto. Retirou o machado e empurrou o falecido para dentro do lago. Enquanto limpava a lâmina na barra da saia pensava que as famílias em férias ali teriam uma surpresa amanhã. E que os jornais não tardariam a anunciar que o maníaco do machado tinha feito uma nova vítima...

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| Jade Grimm at 2:58 PM | ::*:: |




Então, eu assisti ao tão falado Across the Universe. Assisti esses dias e enquanto assistia, do começo ao final do filme, só pensava uma coisa: Meu pai vai adorar esse filme! A cópia já está pronta pra levar pra ele.

Desde criança, sempre fui assim, se visse algo que eu achava que meu pai iria gostar, mal podia esperar pra voltar pra casa e contar a ele.

E é engraçado pensar nisso agora, já que passei tanto tempo achando que não amava meu pai ou que das pessoas a minha volta ele era o que eu menos amava. Que se ele morresse, não sentiria falta dele como sentiria da minha mãe, da minha irmã ou da minha vó. E que os erros dele, pouquíssimos pra ser sincera, eram o reflexo de que a falta de amor era recíproca.

É tão engraçado que beira o ridículo porque, a vida toda, eu sempre corria pra casa pra mostrar pra ele as coisas que descobria pelo caminho. E porque depois de crescer e virar gente eu me dei conta do quanto o meu pai sempre me amou. Pior, me dei conta do quanto eu o amo. Tanto quanto minha mãe e minha filha, mais do que o resto do mundo.

Meu pai é todo tímido, todo sem jeito. Não posso chegar nele, toda te amo paiê!. Isso faria com que um buraco instantâneo se abrisse no chão para que ele pudesse se enterrar. Então eu faço o que toda adolescente boba e apaixonada faz: eu gravo cds com múicas que acho que ele vai gostar. Eu gravo dvds com filmes que acho que ele vai curtir. Eu espalho o meu amor em pequenas demonstrações materiais porque eu nunca sei expressar meu amor corretamente. Eu sou igual ao meu pai.


Uma das cenas que achei que ele vai amar

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| Jade Grimm at 2:11 PM | ::*:: |

fevereiro 08, 2008


Imagem surpreendentemente difícil. Decidi escrever uma história infantil, algo que eu contaria à minha filha. Claro, não seguiu o caminho imaginado.

O texto ficou imenso. Aliás, este é um problema antigo, não consigo sintetizar, resumir. Tendo sempre a me extender, extrapolar, efim...

O Balanço - A Visita de Zil


Zil apareceu enquanto Laura se balançava. O menino, de seus 8 anos, pernas longas e olhar curioso e assustado, surgiu do meio dos arbustos atrás do balanço onde a Laura brincava.
- O que é isso, perguntou ele apontando para o brinquedo, agora imóvel, onde Laura estava sentada.
- Isso? Você nunca viu um balanço?
- Ba... Balanço? , levantou as sobrancelhas
Ela caiu na gargalhada e o garoto a observou, sentindo algo curioso, uma vontade de arreganhar os dentes também, como a menina fazia.
A curiosidade dele, parecia não ter fim. Perguntava e espantava-se com tudo, causando as gargalhadas gostosas da garotinha de 5 anos, anéis dourados na cabeça e olhos muito grandes e castanhos. Ela o ensinou a ir alto, quase voando, no balanço. Explicou o que era um skate, lhe contou sobre os Backyardigans e todos os desenhos legais que passavam na TV.
Na hora do lanche da tarde os novos amigos foram até a casa de Laura, aonde a mãe da menina serviu bolinhos de chuva, torradas com geléia e um suco geladinho.
- Você também não conhece geléia de morango? , os olhos de Laura arregalaram-se ainda mais
- O que são morangos? , perguntou com a boca lambuzada de geléia e bolinhos.
Laura pediu à mãe para trazer-lhes alguns morangos, pois seu amiguinho nunca havia experimentado e Zil deliciou-se com a frutinha vermelha. Ele as cheirava, aproximava bem perto dos olhos e depois as abocanhava. Não entendia como algo tão pequenino pudesse ser tão saboroso!
Voltaram ao parque e apostaram uma corrida até os balanços. Chegando lá, apostaram quem ia mais e mais alto. E conversaram, e riram, até que o céu começou a escurecer.
- Preciso voltar, Laura.
- Pra sua casa?
- Sim
- Onde é que ela fica? É muito longe?
- Sim
- Na outra rua?
Ele sorriu com olhos tristonhos _ Moro a muitas ruas daqui, Laura. Vou para além de ruas e cidades e coisas que você não iria nem acreditar.
- Eu vou acreditar, eu juro! , e bateu os pezinhos firmemente no chão, com a típica convicção das crianças de cinco anos de idade.
- Eu gosto de balanços, de morangos e de Lauras , disse passando a mão carinhosamente pelos cabelos da menina _ Vou voltar, um dia, eu prometo. Você me espera?
- Eu espero! , disse com os pequeninos lábios tremendo num esforço para não chorar e viu seu amigo afastar-se, primeiro de costas e depois virando e se confundindo com o monte de arbustos até desaparecer entre eles.
Laura ainda tentou ir atrás dele, mas ao remexer os arbustos só encontrou um velho muro de tijolos vermelhos.
Durante dias, Laura acordou bem cedinho para ir ao parque e esperou horas, em vão, pelo amigo. Os dias rapidamente se transformaram em semanas e meses. Meses viraram anos.
Numa tarde de outono uma Laura de longos cachos dourados sentava no balanço com ar pensativo. Um barulho atrás de si chamou-lhe a atenção. Virou-se lentamente ao ouvir a voz grave.
- Laura?


A imagem é uma foto original do Edu, clique para ver maior

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| Jade Grimm at 5:59 PM | ::*:: |

fevereiro 06, 2008


A Chave


Já não lembrava mais há quanto tempo estava ali, naquele mesmo lugar, aquelas mesmas quatro paredes, aquela mesma porta que nunca se abria. Não mais lembrava de como era ver o sol, já que só sabia ser dia pelos poucos raios de luz que entravam pelo pequeno retângulo, no alto da parede quase chegando ao teto, que servia como janela. Janela não, era mais um respiradouro, pensou, ela nunca conseguira subir o suficiente para espiar o mundo lá fora.

Não lembrava como era o seu rosto. Os cabelos vermelhos chegavam, desgrenhados, quase no seu joelho, enroscava-se em seus braços e pernas como abraços invisíveis e indesejados. Abraços... Não lembrava deles também. Nem de gente. Nem de ninguém. Há quantos anos estaria ali?

Ouviu o familiar barulho de metal vindo da porta e virou-se esperando ver sua refeição passar espremida pela moldura de ferro, mas pela primeira vez em muito tempo, surpreendeu-se. No lugar da velha bandeja com o prato de comida e a caneca de suco, estava uma chave. Uma chave longa, antiga.

Sentiu um arrepio. Gritou perguntando o que deveria fazer com ela, deveria abrir aquela horrível porta de ferro que lhe prendera por tantos anos? Ela não via o mundo lá fora há tanto tempo, não conhecia ninguém lá, sua antiga vida não lhe pertencia mais. Teria mesmo coragem de sair? Queria sair?

Balançou a cabeça com força, como se assim pudesse jogar longe os pensamentos que tentavam deixá-la trancafiada ali, como fizera seu captor. Apertou a chave com força em sua mão, até que as juntas dos dedos ficassem esbranquiçadas com o esforço súbito e aproximou-se da fechadura. Lentamente deixou que a chave escorregasse para dentro da porta e, segurando a respiração, girou-a. Ouviu um clique e empurrou a porta que se abriu rangendo contrariada. Ergueu a cabeça e o sol e o dia inundaram seus olhos pouco acostumados. E assim, cega, saiu.



Imagem em palavras é o meu marcador para o jogo, ainda sem nome, que eu e o digníssimo sehor Ed estamos jogando. Cada um escolhe uma imagem para o outro que deverá escrever um texto a partir dela. Não vale recusar a imagem e o prazo é de um dia. O meu texto é bem meia boca, mas o dele é uma delícia e pode ser lido no Sanctuarium. Beijo Ed!

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| Jade Grimm at 12:34 PM | ::*:: |



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